quarta-feira, 29 de junho de 2011

Custo Brasil? Lucro Brasil!!!

"o Brasil tem um custo de vida muito alto."

"- o custo de vida do brasileiro é o mais caro do mundo."

"É usual, até, a fábrica lançar o carro a um preço acima do pretendido, para tentar posicionar o produto num patamar mais alto. Se colar, colou. "

"A margem de lucro é três vezes maior que em outros países"

"O que faz a fábrica ter um lucro maior no Brasil do que no México, segundo consultor, é o fato do México ter um mercado mais competitivo."

A matéria fala de carros, mas pode ser pensada para tudo o que consumimos neste país. Vale a pena ser lida: http://www.webmotors.com.br/wmpublicador/yahooNoticiaConteudo.vxlpub?hnid=45643

Pelo visto bancamos do nosso bolso o lucro do mercado de outras bandas. No Brasil não há competitividade, e isso é ruim para o consumidor. Leia a matéria, reflita e comente!

domingo, 26 de junho de 2011

NOVA EXPOSIÇÃO DE JOE NUNES "ANJOS URBANOS"

Olá!

O artista plástico Joe Nunes está iniciando a nova mostra de trabalhos inéditos a partir de agosto desse ano. O espaço cultural que estiver interessado em receber a mostra deve entrar em contato com o artista pelo e-mail joenunes_aga@yahoo.com.br ou pelo fone (51) 9965-8582.

Todas as informações sobre a exposição, assim como sobre o artista e sua obra encontram-se na sua página: http://joenunes.blogspot.com

Abraços!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Artista busca novos assistentes

Originalmente divulgado por Pow Rodrix em: http://fotolog.terra.com.br/powrodrix - 22/06/2011

OPORTUNIDADE DE TRABALHO!!!!



Este humilde artista que vos escreve está precisando de ajuda. Preciso de alguem pra me ajudar a acelerar minha produção de páginas para a série WAR GODDESS da Avatar Press/Boundless Comics!!! O trampo é fazer os cenários em algumas das minhas páginas na qualidade dos da page acima... para maiores detalhes dêem uma conferida no post em meu blogspot:

www.powrodrix.blogspot.com

Abs a todos e fiquem na Paz!!!

JÚRI DO 5º CONCURSO CULTURAL DA TURMA DO GABI – DESENHO-2011



Este ano o júri de premiação do 5º Concurso Cultural da Turma do Gabi – Desenho será formado pelos cartunistas: Eric Vanucci, Júlio Maga e Torres. Tanto Eric como Maga foram alunos do Cartunista Moacir Torres (Turma do Gabi). Os dois convidados vem fazendo muito sucesso com seus trabalhos em revistas, jornais, livros, animação de TV e na Web. A seleção dos trabalhos vencedores estará acontecendo no dia 8 de julho a partir das 13.30 h no Casarão Cultural Pau Preto em Indaiatuba - SP. (EMT)


JÚRI DO 5º CONCURSO CULTURAL DA TURMA DO GABI – DESENHO-2011

ERIC VANUCCI
Formado em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, trabalhou como editor, diagramador e designer para várias empresas, elaborando marcas e websites, assim como criação e ilustração de mascotes e personagens. Também formado em ilustração e animação pela ArtAcademia, trabalhou como artista de storyboard no seriado Big Big Friend e no longa metragem nacional LUTAS, na LightStar Studios, onde ainda atuou como supervisor do departamento de storyboard no seriado canadense Doggy Day School, para a qual retorna posteriormente à produção na segunda temporada. Já trabalhou na produção de videoclipes e comerciais para televisão, além de ilustrações para livros, jornais e revistas. Um artista versátil, que além de lecionar participa de eventos e palestras ligadas à arte.

JÚLIO MAGA
Em 1986: Estudou desenho e quadrinhos na Prefeitura de Santo André com o prof. Moacir Torres. 1989 a 1991: Trabalhou como free-lancer nas editoras Abril, Globo, Ninja, Estúdios Ely Barbosa, Júlio Jr. Ziraldo entre outros. 1992 a 2002: Colaborou com desenhos e roteiros de quadrinhos para os estúdios EMT de Moacir Torres, Estúdio Cedraz; 2003: Fundou o estúdio Craftoon em parceria com outro cartunista Alexandre Jurkevicius. 2004: Publicou cartões comemorativos com seus personagens pela Editora Paulus. 2010: Recebeu menção Honrosa no Concurso de Personagens da Editora ABRIL. 2011: ESTÀ DESENVOLVENDO UM SITE VOLTADO EXCLUSIVAMENTE PARA SUAS CRIAÇÕES E PERSONAGENS CHAMADO GIBIGANG.

domingo, 19 de junho de 2011

CRÂNIO nº01 para download



CRÂNIO #1 apresenta a primeira parte do encontro do CRÂNIO com o CACHORRO DE RUA personagem criado pelo saudoso Mark Novoselic que escreveu e desenhou toda a HQ.Para quem não sabe Novoselic faleceu em 2008 vítima de um enfarto fulminante. A edição traz ainda uma outra HQ curta.

Acesse e baixe na página:
www.francinildosena.blogspot.com

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Penitente nº 01 para leitura online

Mensagem originalmente divulgada em: http://fotolog.terra.com.br/lordelobo



Olá, caro amigo!

Atendendo a alguns pedidos de internautas, informo que a edição número 1 da revista em quadrinhos Penitente foi disponibilizada para leitura online!

A ação tem como objetivo divulgar o personagem, a qualidade gráfica da revista e, desta forma, conseguir novos leitores para a revista impressa, que está indo para a 4ª edição.

O personagem Penitente (que dá nome à revista) é um ex-assassino profissional que, depois de morto, estava prestes a ser julgado e condenado ao Fogo Eterno quando Deus lhe propôs a chance de se redimir de seus pecados. Para isso ele teria que voltar ao mundo dos vivos - ainda que em seu corpo morto - e salvar 70 vezes 7 vezes o número de vítimas inocentes que executou em suas missões (70 X 7 X N) e, ao mesmo tempo, mandar de volta ao Inferno algumas criaturas que de lá tenham fugido. Proposta aceita, ele agora está condenado a vagar pela Terra como um zumbi até que sua penitência esteja cumprida.

Para ler a edição 1 na tela do seu computador, basta ir no site do personagem: www.lordelobo.com.br/penitente e clicar na capinha.

A edição 1 foi totalmente produzida por Lorde Lobo (criação do personagem, roteiros, cores e letras) e Nel Angeiras (arte, arte-final e arte da capa).

Lagarto Negro no Mercado Livre



A revista foi parar em Rio Claro - SP! Sinal de que foi bem distribuída na época...

O preço de capa era de R$1,95. Será que valorizou tanto assim, a ponto de valer quase R$10,00 (R$4,90 + frete de R$5,00)? :/

Em todo caso, o anúncio lá vence em três dias, fique à vontade de dar seu lance:

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-181109152-impacto-n-02-lagarto-negro-taquara-_JM

Saiba mais sobre esta edição em: http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao.aspx?cod_tit=im00701+&esp=&cod_edc=19958

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte III

Reproduzo abaixo a segunda parte de um artigo premiado e publicado no extinto blog http://ahoradosassassinos.blogspot.com. O autor do blog se identificava como "Velho da Montanha", e era fã de Alan Moore. Imagino que o "Velho da Montanha" não se importe da sua tradução aparecer aqui.

O texto foi considerado Melhor Ensaio de Não-Ficção pela premiação Ignotus Winners, em 2009. Título original: “Los dioses astronautas en la ciencia ficción”, (“Astronaut gods in science fiction”), por Mario Moreno Cortina.
Página original: http://www.bemonline.com/portal/index.php/artlos-fondo-36/251-los-dioses-astronautas-en-la-cf

Link com a premiação: http://www.sfawardswatch.com/?p=2454
....................................................


Escrito por Mario Moreno Cortina

Traduzido do espanhol por Velho da Montanha


E o culpado é…

H. P. Lovecraft, o elo perdido


Vimos como a tradição esotérica dos deuses astronautas evoluiu a partir da Teosofia de H. P. Blavatsky, que por sua vez reinterpretava as ideias gnósticas que tem acompanhado o pensamento mágico ocidental há milênios, com o acréscimo da figura dos extraterrestres que visitavam nosso planeta e o culto OVNI que nasceu em 1947 com o famoso avistamento do aviador Kenneth Arnoldem Mount Rainier (Washington). Também vimos como as teorias dos autores danikeistas tem influenciado a literatura e o cinema de Ficção Científica de forma direta ou indireta.

Esta é, basicamente, a teoria de Stoczkowski bem resumida. Mesmo que eu esteja de acordo com suas linhas gerais, creio que podemos apontar alguns problemas. Em primeiro lugar, acho que o nascimento e evolução dos fenômenos culturais é sempre um assunto complexo e que tecer hipóteses genéricas excessivamente lineares, mesmo que ajude a explicar um fenômeno como é o dos deuses astronautas, pode fazer perder de vista a realidade das evidências. Em segundo lugar, Stoczkowskiconfessa ser absolutamente alheio tanto a Ficção Científica quanto as Paraciências, pelas quais parece nunca ter sentido uma grande atração. Por isso é possível que lhe escape a essência particular de ambas. Guilherme de Baskerville ensinava a Adso [personagens de O Nome da Rosa, de Humberto Eco - N.T] como as heresias funcionavam como vasos comunicantes que intercambiavam conceitos, ideias, esquemas e com frequência os próprios fiéis. Um investigador da Ciência oficial, comoWiktor Stoczkowski, está acostumado a que cada especialista se dedique a um determinado campo e raramente saia dele. Contudo, os chamados investigadores do paranormal trabalham mais como os hereges a que aludia Guilherme de Baskerville: pegam daquí e dalí, hoje poderes extrasensoriais, amanhã OVNIS, e o antigo astronauta de Palenque. Por sua vez, esse confuso amálgama que chamamos Esoterismo tem uma extranha relação de simbiose com a literatura de Ficção Científica. Relação que, como temos visto, ocorre nos dois sentidos. Nós fãs ficamos enojados quando se colocaRobert A. Heinlein e Ursula K. LeGuin junto com Juan José Benítez e Erich von Däniken na mesma estante com o rótulo “Ficção Científica”, e eu sou dos que mais se enoja. Porém é certo que os livreiros agem seguindo uma intuição que não está de todo equivocada. Porque não são áreas absolutamente diferentes, trata-se de ingredientes que foram jogados em uma mesma panela ―como vimos no caso das revistas Astouding e Planeta― e que muitas vezes tem produzido os pratos mais bizarros (como a Igreja da Cientologia e o Movimento Raeliano).

Essa relação simbiótica, como vimos, existiu desde os primórdios do gênero, quando este não havia ainda nem recebido seu controvertido nome. Não seria surpreendente que, antes que G. H. Williamson publicasse suas obras, a síntese já tivesse ocorrido. Isso, aparentemente, daria a razão aos que defendem a tese clássica sobre os deuses astronautas, isto é, que se trata de um fenômeno nascido no âmbito da Ficção Científica que se tornou um culto esotérico.

É exatamente isso o que defende o norteamericano Jason Colavito, autor de um livro com título sugestivo e revelador: The Cult of Alien Gods: H.P. Lovecraft And Extraterrestial Pop Culture[25]. Colavito realiza em seu livro um trabalho similar ao de Stoczkowski, só que as influências dos diferentes autores esotéricos que se ocupam dos astronautas pré-históricos o levam até Howard Phillis Lovecraft (1890-1937).

Em um gênero literário tão cheio de Nerds como é o fantástico ―Alfred Bester dizia que ter um parafuso a menos era o preço da genialidade ―, Lovecraft poderia ser considerado como raro entre os raros. L. Sprague de Camp, grande fã e leitor seu, o pinta em sua famosa biografía[26] com tintas que nos fazem pensar em um aspecto doentio. Hipôcondriaco, nazista, racista, classista, preguiçoso… de Camp não economiza adjetivos para definir Lovecraft. É certo que não me interessa nenhuma dessas características, me interessa uma que só na boca de um americano como de Campsoa como um insulto: ateu. Lovecraft não acreditava em Deus, em nenhum Deus, era um materialista convicto. E como materialista converteu o velho conto gótico a parâmetros modernos, reinserindo-lhe na moderna literatura fantástica, precisamente em um momento em que a Ficção Científica estava se transformando em um gênero popular.

Foto: H. P. Lovecraft (1890 - 1937)

Lovecraft é conhecido principalmente por ser o criador e inspirador dos chamados Mitos de Cthulhu, um complexo panteão de criaturas alienígenas que ameaçam o ser humano de pavorosos espaços exteriores. O Chamado de Cthulhu, de 1926, é o primeiro conto do ciclo escrito por Lovecraft. É nele que Colavito situa o nascimento da teoria dos deuses astronautas. O conto, uma pequena jóia da moderna literatura de horror, se concentra na descoberta por um pesquisador de um antigo culto a uma misteriosa deidade chamada Cthulhu, metade polvo, metade figura antropóide. Com a morte do emérito professor Angell, seu sobrinho encontra nos espólios do ancião um pequeno baixo relevo de Cthulhu que lhe causa uma preocupação incomum[27]. A partir do objeto e seguindo o rastro dos estudos de seu tio, chega ao conhecimento da extraordinária antiguidade do culto de Cthulhu.

O velho Castro recordava fragmentos de uma terrível lenda que fazia empalidecer as especulações dos teósofos[28] e deixavam o homem e o mundo reduzidos a algo de criação recente e efêmera existência. Em eras remotas a Terra foi dominada por outros Seres que viviam em grandes cidades. Segundo Castro […] ainda se poderiam encontrar seus vestígios em pedras ciclópicas em algum lugar das ilhas do Pacífico. Todos os Seres morreram eras antes do homem aparecer sobre a Terra. […] Naturalmente haviam vindo das estrelas e trazido consigo suas imagems[29].

É aqui onde, segundo Colavito, acende-se a luz, exatamente neste parágrafo. É certo que Lovecraftnão inventou a ficção sobre civilizações perdidas mais antigas que a história conhecida; temos a série de Ela de H. Rider Haggard (1856 - 1925)[30], a rainha imortal de uma civilização várias vezes milenária. Ou a magnífica The Moon Pool de 1919, de Abraham Merrit (1884 - 1943), que tem certa afinidade estética e conceitual com as narrativas lovecraftianas. Como vimos, a própria Blavatskyhavia especulado amplamente sobre a existência de civilizações e raças anteriores a Humana que se teriam desenvolvido muito antes que esta aparecesse sobre a Terra. No entanto, afirma Colavito,Lovecraft foi o primeiro a introduzir alienígenas na equação.

Cinco anos depois de escrever O Chamado de Cthulhu, Lovecraft escreveria aquela que todo mundo reconhece, quase sem exceção, como sua obra prima: Nas Montanhas da Loucura (At the Mountains of Madness, 1931). Talvez seja a mais FC de todas as narrativas que se podem enquadrar dentro dos mitos de Cthulhu e de certo modo se trata de uma desmitificação e uma racionalização destes. A história fala sobre a expedição organizada, obviamente, pela universidade de Miskatonic á Antártida (até então envolta em mistérios, possivelmente a última das terras desconhecidas de nosso planeta) dirigida pelo professor William Dyer. Por trás de uma impressionante cadeia de montanhas mais altas que o Himalaia, Dyer e sua equipe encontram uma cidade gigantesca. Com dezenas de milhões de anos de antiguidade, é anterior ao Homem e á maioria das espécies conhecidas. Seus habitantes, conhecidos como os Antigos, chegaram a Terra procedentes das estrelas quando o planeta ainda era joven.

Particularmente revelador é este fragmento: Como pôde ocorrer uma evolução tão tremendamente complexa em uma terra recém nascida a ponto de deixar marcas profundas em rochas arcaicas parecia tão inconcebível que levou Lake a recordar os mitos primais dos chamados “Antigos” que vieram das estrelas e criaram a vida na terra por brincadeira ou por engano…[31]

Parece que com isto temos já um quadro completo. Vimos a influência de Blavatsky e da Teosofia emLovecraft quando falamos do Chamado de Cthulhu; a influência das histórias de civilizações perdidas e a criação da vida na Terra por seres vindos de outros mundos[32]. Na verdade, é perfeitamente natural que a fusão de todos os elementos se desse exatamente no instante em que se formava a Ficção Científica como gênero e em um autor materialista e ateu que pretendia adaptar a velha narrativa gótica para as novas literaturas.

E tudo poderia terminar por aqui. No entanto, Jason Colavito postula que H. P. Lovecraft, que pegou todas estas ideias como elementos literários com os quais criou histórias sugestivas e mórbidas, foi lido por várias pessoas de forma acrítica, que tomaram suas narrativas como reflexos de uma realidade. Williamson, Pauwels e Bergier, Charroux, von Däniken e muitos outros autores danikeistas levaram a sério ―sempre segundo Colavito― as obscuras, e com frequência contraditorias, referências a deidades vindas das estrelas que criaram a vida em nosso planeta em uma época remota. Sua argumentação está apoiada na comparação de textos e nos claros paralelismos das argumentações dos autores mencionados.

De qualquer forma, a hipótese de Colavito não contradiz a de Wiktor Stoczkowski. Este defendia, lembremos, que as teorias esotéricas dos deuses astronautas eram uma recriação ao estilo pop da Teosofia de Blavatsky, que por sua vez havia nascido dentro da tradição Gnóstica ocidental. Jason Colavito, em todo caso, encontrou certamente o elo perdido da corrente, que não é outro senãoLovecraft.
No entanto, tanto Colativo quanto Stoczkowski parecem ter esquecido aquela que poderia ser a verdadeira peça chave deste quebra-cabeças.


Talvez não tão culpado

Charles Fort e O Livro dos Danados


Em 1919, um jornalista novaiorquino chamado Charles Fort (1874 - 1932) publicou um livro com título sugestivo: O Livro dos Danados (The Book of the Damned). Utilizando uma prosa estranha e intricada e um estilo argumentativo abusivo e obscuro, Fort pretendia mostrar ao mundo toda uma série de fenômenos bizarros sem conexão aparente entre si. Desde a chuva de sapos ao teletransporte. Quase trinta anos antes dos avistamentos de Kenneth Arnold porem na moda o fenômeno OVNI, Fort sustentava que nosso planeta estava sendo visitado ―desde o mais remoto passado― por astronaves alienígenas e coleta avistamentos por todo planeta de aeronaves em forma de dirigível:

Se eu reconheço outro mundo comunicando-se secretamente com alguns habitantes muito esotéricos de nossa Terra, terei que reconhecer também outros mundos tentando comunicar-se com todos os habitantes de nossa Terra, depois amplas estruturas costeando-nos a kilômetros de distância, sem o menor desejo de por-se em contato conosco, como embarcações costeiras cruzando de ilha em ilha sem fazer sua escolha. Depois creio que também terei informações sobre uma vasta construção, que veio numerosas vezes nos fazer uma visita subreptícia, escondendo-se no oceano e permanecendo submersa, depois voltando a partir para o desconhecido. Como você explicaria a um esquimó sobre um navio que viesse buscar provisões de carvão (que são frequentes nas praias árticas, mas cuja existência é desconhecida pelos nativos) e partisse sem a menor tentativa de diplomacia?

É difícil para muita gente admitir que nós podemos não ser interessantes.
Admito que nós temos evitado, provavelmente por razões morais. Porém a ideia de visitantes extraterrestres na China, durante o que nós chamamos o período histórico, não será mais que moderadamente absurda quando a abordarmos.

Admito que vários outros mundos possam ter condições de vida análogas a do nosso, mas acho que alguns são tão diferentes que seus viajantes não poderiam viver entre nós sem mecanismos artificiais de adaptação. Como os visitantes vindos de uma atmosfera densa poderiam respirar nosso ar?

Talvez com máscaras. Como aquelas que se tem encontrado nos sítios arqueológicos. Algumas eram de pedra, e são atribuídas a um traje cerimonial dos povos selvagems. Porém a máscara encontrada en 1879 em Sullivan Country, Missouri...
...Era de ferro e prata![33]

Aquí já se encontra toda a variedade de argumentos que 50 anos depois Erich von Dänikenpopularizaria, incluindo as provas em forma de peças arqueológicos de duvidosa aceitação para a Ciência oficial. Uma década antes de Lovecraft escrever O Chamado de Cthulhu, Fort já havia realizado a mistura da Ficção Científica com as tradições esotéricas de civilizações perdidas que deu a luz aos deuses astronautas. A hipótese de que Williamson, Bergier, Charroux, von Däniken e outros levaram muito a sério a literatura de Lovecraft é ousada e atraente, porém a explicação mais simples é quase sempre a que mais se aproxima da realidade. O Livro dos Danados ―assim como o resto da produção de Fort―, fez sucesso e parece que o livro causou uma boa celeuma e impresionou algumas pessoas. Sprague de Camp afirma que Lovecraft leu Fort[34] e utilizou suas ideias assim como utilizou também as de Blavatsky: como inspiração puramente literária, já que não acreditava em uma só palavra do que diziam uma ou outra.

Foto: Charles Fort (1874 - 1932)

Fort ampliou suas teorias em outros livros posteriores: New Lands (1923), Lo! (1931) e Wild Talents(1932). A revista Astounding Science Fiction, publicou Lo! na forma de uma série em 8 partes quandoTremaine ainda era o diretor. John W. Campbell também leu Fort e lhe deu crédito, mesmo que lhe reprovasse sua falta de método e sua prosa obscura. Sem dúvida, deve ter sido em Astouding queJacques Bergier, compulsivo leitor de revistas pulp, conheceu Charles Fort, o que parece ter inspirado O Despertar dos Mágicos. Certamente também neste contexto Arthur C. Clarke foi inspirado pelas teorias forteanas ―embora, ao contrário de Lovecraft, aparentemente as levasse muito a sério― e as utilizou para escrever "O Sentinela" (The Sentinel, 1953), história que reescreveria em 1968 para o roteiro cinematográfico de 2001, Uma Odisséia no Espaço.

Talvez a tese de que os Deuses Astronautas nasceram dentro da Ficção Científica e passaram ao campo das teorias esotéricas não seja, afinal, tão descabida, embora deva ser contextualizada. Charles Fort era um escritor de Ficção Científica frustrado. Em 1915 escreveu dois romances intitulados X e Y. X tinha um tema inquietante: a possibilidade de que a vida na Terra fosse controlada por uma civilização situada em Marte. A segunda falava da existência de uma civilização maligna na Antártida[35]. Houve uma tentativa de publicação por parte do editor Theodore Dreiser(1871-1945), mas por alguma razão o projeto não foi adiante e Fort decidiu destruir os manuscritos. No entanto, reciclou várias das ideias contidas nos romances quando escreveu O Livro dos Danados. Novamente vemos como Ficção Científica e esoterismo são vasos comunicantes.

Mas talvez, quem primeiro pegou a batuta de Charles Fort foi Eric Frank Russell (1905-1978), um escritor de Ficção Científica britânico que se converteu em um apaixonado forteano. Não somente se limitou a popularizar suas ideias em uma série de artigos, mas também muitas vezes as utilizou em seus romances. Barreira sinistra (Sinister Barrier, 1939)[36] é um romance selvagem e conspiracionista: um cientista, buscando uma fórmula que lhe permita ampliar a visão, descobre que a vida humana é controlada, talvez desde o início da história, por uma raça extraterrestre ―os vitones― que nos usa como fonte de energia. Dreadful Sanctuary (1948)[37] tem tonalidades ainda mais sinistras, já que parte da hipótese de que a Terra é uma espécie de manicômio cósmico aonde vão parar os elementos mais insanos dos diversos mundos do sistema solar ―os brancos procedem de Marte― sendo que os chineses são a única raça nativa.

Concluindo

A modo de epílogo


Os astronautas que visitaram a Terra no passado mais distante para trazernos a vida, a civilização, a cultura ou a tecnologia ―ou tudo isso de uma vez― nasceram como uma teoria pseudocientífica no momento em que a literatura de Ficção Científica já havia popularizado a ideia de que poderiam existir civilizações em outros planetas com tecnologia suficiente para viajar através do espaço e visitar nosso planeta. As velhas lendas sobre civilizações perdidas e as teorias blavatskianas sobre raças pré-humanas que dominaram a Terra milhões de anos antes que o Homem aparecesse sobre ela proporcionaram o conjunto de argumentos, pontos de interesse e provas arqueológicas que hoje em dia tornam reconhecível o danikeismo.

A literatura de Ficção Científica foi o contexto, o crisol, no qual essa fusão se produziu e a revistaAstouding o meio pelo qual se tornou conhecida. Uma vez consolidada, a teoria dos Deuses Astronautas proporcionou uma boa base de inspiração para os escritores de Ficção Científica e não parece descabido pensar que o fluxo de ideias pode ter duplo sentido. O sucesso editorial de Erichvon Däniken nos anos setenta apenas deu novo impulso a uma vasta corrente que já fluía desde 1919.

Curiosamente, a teoria havia nascido nos Estados Unidos, porém foi na Europa onde se desenvolveu plenamente. O italiano L. R. Johannis, pseudónimo de Luigi Rapuzzi (1905 - 1968), escreveu C’era una volta un pianeta (1954) e sua continuação Quando era aborigeno (1955), duas histórias plenamente danikeistas que começam 400.000 anos antes do presente com a luta entre a pacífica civilização marciana e a belicosa rhaniana. A devastação de seu planeta pela guerra obriga aos marcianos a refugiar-se na Terra. A mistura genética com os nativos da lugar a uma nova raça que conhece seu esplendor em Mu e Atlántida. Francis Carsac, pseudônimo por trás do qual se ocultava o prestigiado pré-historiador francês François Bordes (1919-1981) escreveu em 1954 o conto Tache de rouille, cujo protagonista é um alienígena cuja nave cai na Terra no Paleolítico e provoca sem querer a revolução cultural.

Os Deuses Astronautas não aparecem apenas em antigos romances que só podem ser encontrados em sebos, nem são exclusividade da Ficção Científica classe B, mais aventuresca e cientificamente menos exigente. A série de romances conhecida como ciclo dos Ekumen[38] da californiana Ursula K. Le Guin, tem como base a ideia de que todas as raças humanóides que povoam o universo conhecido sã0 descendentes dos Hainish, uma civilização que chegou ao fim depois de haver colonizado dezenas de mundos, o nosso entre eles.

Com o passar do tempo, a teoria se transformou em um dos temas universais que pertenecem ao vasto acervo cultural da Ficção Científica, junto com as Colônias Perdidas, os Impérios Galácticos, as Viagens no Tempo e muitos outros, continuamente alimentados pelas especulações dos modernos esotéricos, herdeiros de von Däniken e Charroux. Talvez muitos dos autores que recorrem ao arquétipo o fazem com o mesmo espírito esteticista e cético com o qual Lovecraft tomou os escritos de Charles Fort, porque é assim que funciona o processo criativo do grande e magnífico crisol que é a Ficção Científica. De qualquer maneira, os Deuses Astronautas gozam de tão boa saúde quanto há trinta anos atrás, em plena febre danikeista, e parece que será assim durante muito tempo.

*Mario Moreno Cortina é escritor
© 2008 Mario Moreno Cortina

NOTAS:
[25] Colavito, Jason. The Cult of Alien Gods: H.P. Lovecraft And Extraterrestial Pop Culture. Prometheus Books. New York, 2006. Não publicado no Brasil.
[26] De Camp, L. Sprague. Lovecraft, uma biografia. Não publicado no Brasil.
[27] Tal e como registra de Camp em sua biografia, os heróis de Lovecraft tem um sistema nervoso mais delicado e tendem a cair paralisados pelo pânico ao mínimo sinal de algo fora do comum. Na verdade, não é necessário ser psicólogo para ver nisto a personalidade do próprio Lovecraft.
[28] Esta referência a Teosofia de H. P. Blavatsky não é casual nem é a primeira em toda a narrativa. Já vimos como Lovecraft utilizou suas ideias como inspiração literária sem acreditar nelas.
[29] Lovecraft, H.P. In The Vault, Talvez publicado no Brasil como Na Catacumba, Revista Meia-Noite, sem data.
[30] Composta por Ela (She, 1887), Ayesha, o retorno de Ela (Ayesha, The Return of She, 1905), Ela e Allan (She and Allan, 1921) e Filha da sabedoria (Wisdom’s Daughter, 1923). Ultrapassa o tema deste artigo detalhar o enredo da série.
[31] Lovecraft, H.P. Nas montanhas da loucura. Editora Iluminuras, São Paulo, 2007
[32] As palavras de Lovecraft são “por brincadeira ou por engano ”, o que é um elemento gnóstico claríssimo, talvez herdado de Blavatsky.
[33] Fort, Charles. O Livro dos Danados.
[34] Op. cit. Pag. 434.
[35] Desconheço se Lovecraft chegou a ter notícia disto; seria interessante comprovar se pôde servir de inspiração para seu conto Nas montanhas da loucura.
[36] Russell, Eric Frank. Barrera siniestra. Editorial Tridente, coleção Pulsar Ficción. L’Hospitalet de Llobregat, 1992. Não publicado no Brasil
[37]Também não publicado em português.
[38] O ciclo dos Ekumen contém algumas das melhores obras de FC já escritas. É composto pelos romances: Rocannon's World (O Mundo de Rocannon), 1966, Planet of Exile (Planeta do Exílio), 1966, City of Illusions (A Cidade das Ilusões), 1967, The Left Hand of Darkness (A Mão Esquerda das Escuridão), 1969, The Dispossessed: An Ambiguous Utopia (Os Despossuídos), 1972, The Word for World is Forest (Floresta é o Nome do Mundo), 1976, Four Ways to Forgiveness (O Dia do Perdão), 1995, além de diversos contos. Recomendo particularmente Os Despossídos e A Mão Esquerda da Escuridão porque são esses os romances que se prendem ao gênero.
Publicado originalmente no site Bemonline


>> Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte I

>> Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte II

terça-feira, 14 de junho de 2011

Curso de Escultura e Criação de Personagens



Estamos divulgando o Curso Pandora de Escultura Tradicional e Criação de Personagens.

O Curso será ministrado pelo Escultor e Character Designer Rick Fernandes( para conhecer seus trabalhos acesse o blog:( http://rickwerewolf.blogspot.com/ ). A escultura tradicional é muito usada para diversas coisas. Profissionais modeladores de 3D, bonecos de Stop-Motion, action figures, animatronics, Make-Up de cinema/TV/Teatro, animação e etc.

Entrem em contato para conhecer o Estudio!
E agradeço a todos que puderem divulgar!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Lançamento: HERÓIS BRAZUCAS nº58


Saindo mais Edição do nosso Fanzine Heróis Heróis Brazucas.

PABLO RATO."O Despertar de um E.M.A"
Roteiro de Alcivam Gameleira (Criador da personagem) e arte do Antonieto Pereira.

O DECONHECIDO HOMEM DE PRETO.
Escrito por Emir Ribeiro (Criador) com arte do internacional Mike Deodato quando ainda assinava como Deodato Filho.

VISAGEM.
Criação de Tony Machado com arte do Riccelle Sullivan.

Edição #58
20 paginas
Xerox P&B
Formato A5
R$ 4,00 (Porte incluso)

Pedidos diretamente comigo pelo E-Mail:
fscranio20@yahoo.com.br

Brevemente também à venda na Bodega do Léo:
www.bodegadoleo.com
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