domingo, 1 de janeiro de 2017

Carlos Drummond de Andrade e os quadrinhos


Carlos Drummond de Andrade

Manda quem pode. ;) Confira dois poemas de Carlos Drummond de Andrade homenageando as histórias em quadrinhos que gostava de ler:

ASSINANTES

Somos leitores do Tico-Tico.
Somos importantes, eu e Luís Camilo.
Cada um em sua rua.
Cada um com sua revista.
O que um sabe, o outro sabe.
Ninguém sabe mais do que sabemos.
É nossa propriedade Zé Macaco.
Jagunço vai latindo a nosso lado
e Kaximbown nos leva
convidados especiais ao Pólo Norte.
Nossa importância dura até dezembro.
Temos assinaturas anuais.
(ANDRADE, 2006, p.248)


FIM

Por que dar fim a história?
Quando Robinson Crusoé deixou a ilha,
que tristeza para o leitor do Tico-Tico.
Era sublime viver para sempre com ele e com
Sexta-Feira,
na exemplar, na florida solidão,
sem nenhum dos dois saber que eu estava aqui.
Largaram-me entre marinheiros-colonos,
sozinho na ilha povoada,
mais sozinho que Robinson, com lágrimas
desbotando a cor das gravuras do Tico-Tico.
(ANDRADE, 2006, p.247)


O Tico-Tico é considerada pioneira na publicação de quadrinhos no Brasil, e chegou a ter tiragens de 100.000 exemplares por semana! Leia O Tico-Tico na Hemeroteca Digital Brasileira: http://bndigital.bn.br/acervo-digital/tico-tico/153079

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